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As Cruzadas foram movimentos militares de inspiração cristã que partiram da Europa Ocidental em direção à Terra Santa (nome pelo qual os cristãos denominavam a Palestina) e à cidade de Jerusalém com o intuito de conquistá-las, ocupá-las e mantê-las sob domínio cristão.

 

Estes movimentos estenderam-se entre os séculos XI e XIII, época em que a Palestina estava sob controle dos turcos muçulmanos. No médio oriente, as cruzadas foram chamadas de "invasões francas", já que os povos locais viam estes movimentos armados como invasões e por que a maioria dos cruzadosvinha dos territórios do antigo Império Carolíngio e se autodenominavam francos.

 

Por volta do ano 1000, aumentou muito a peregrinação de cristãos para Jerusalém, pois corria a crença de que o fim dos tempos estava próximo e, por isso, valeria a pena qualquer sacrifício para evitar o inferno. Incidentalmente, as Cruzadas contribuíram muito para o comércio com o Oriente.

 

Antecedentes

 

Depois da morte de Maomé (632), vagas de exércitos árabes lançaram-se com novo fervor à conquista dos seus antigos dominadores, os bizantinos e os persas sassânidas, que vinham de décadas de guerra. Estes últimos, depois de serem esmagadoramente derrotados em algumas batalhas, levaram 30 anos para ser destruídos, devido mais à extensão do seu império do que à sua resistência militar: o último Xá morreu em Cabul em 655.

 

Os bizantinos resistem bem menos: cederam uma parte da Síria, a Palestina, o Egito e o norte de África, mas ao fim sobreviveram e mantiveram sua capital Constantinopla.Em novo impulso, os exércitos conquistadores muçulmanos lançaram-se então sobre a Índia, a Península Ibérica, o sul de Itália, a França, e as ilhas mediterrâneas. Tendo se tornado uma civilização tolerante e brilhante sob o ponto de vista intelectual e artístico, o império muçulmano sofreu de gigantismo e viu enfraquecer-se militar e politicamente. Aos poucos, as zonas mais longínquas tornaram-se independentes ou então foram recuperadas pelos seus inimigos, bizantinos, francos, reinos neo-godos, os quais guardavam na memória a época de conquista.

 

No século X, essa desagregação acentuou-se, em parte devido à influência de grupos de mercenários convertidos ao islão que tentaram criar reinos separados. Os turcos seljúcidas (não confundir com os turcos otomanosantepassados dos criadores do actual estado da Turquia), procuraram impedir esse processo e conseguiram unificar uma parte do território. Acentuaram a guerra contra os cristãos, esmagaram as forças bizantinas em Manziquerta em1071 conquistando, assim, o leste e o centro da Anatólia e Jerusalém em 1078.Depois de um período de expansão nos séculos X e XI o Império Bizantino viu-se em sérias dificuldades: a braços com revoltas de nómadas ao norte da fronteira, e perda dos territórios da península Itálica, conquistados pelosnormandos. Internamente, a expansão dos grandes domínios em detrimento do pequeno campesinato resultou numa diminuição dos recursos financeiros e humanos disponíveis ao estado.

 

Como solução, o imperador Aleixo I Comnenodecidiu pedir auxílio militar ao Ocidente para fazer frente à ameaça seljúcida.O domínio dos turcos seljúcidas sobre a Palestina foi percebido pelos cristãos do Ocidente como uma ameaça e uma forma de repressão sobre os peregrinos e os cristãos do Oriente.

 

Em 27 de janeiro de 1095, no concílio de Clermont, o papa Urbano II exortou os nobres franceses a libertar a Terra Santa e a colocar Jerusalém de novo sob soberania cristã3 , apresentando a essa expedição militar como uma forma de penitência. A multidão presente aceitou entusiasticamente o desafio e logo partiu em direcção ao Oriente, sobrepondo uma cruz vermelha sobre suas roupas (daí terem recebido o nome de "cruzados"). Assim começavam as cruzadas.

 

Guerras Templárias - Cruzadas

As 9 Cruzadas

Cruzada Popular ou dos Mendigos (1096) - Começou antes da Primeira Cruzada oficial. O monge Pedro, o Eremita, graças a suas pregações comoventes, conseguiu reunir uma multidão. Entre os guerreiros, havia uma multidão de mulheres, velhos e crianças.

 

Em 1 de agosto de 1096, chegaram em péssimas condições a Constantinopla3 . Mal equipada e mal alimentada, essa cruzada massacrou, pilhou e destruiu. Ainda assim, o imperador bizantino Aleixo I Comneno recebeu os seguidores do eremita em Constantinopla. Prudentemente, Aleixo aconselhou o grupo a aguardar a chegada de tropas mais bem equipadas. Mas a turba começou a saquear a cidade.O imperador bizantino, desejando afastar esse "bando turbulento" de sua capital, obrigou-os a se alojar fora de Constantinopla, perto da fronteira muçulmana, e procurou incentivá-los a atacar os infiéis. Foi um desastre, pois a Cruzada dos Mendigos chegou muito enfraquecida à Ásia Menor, onde foi arrasada pelos turcos. Somente um reduzido grupo de integrantes conseguiu juntar-se à cruzada dos cavaleiros.

 

Durante um mês, mais ou menos, tudo o que os cavaleiros turcos fizeram foi observar a movimentação dos invasores, que se ocupavam apenas de saquear as regiões próximas do acampamento onde foram alojados. Até que, em agosto de 1096, o bando inquieto cansou-se de esperar e partiu para a ofensiva.

 

Quando parte dos europeus resolveu partir em direção às muralhas de Niceia (atual İznik), cidade dominada pelos muçulmanos, uma primeira patrulha de soldados do sultão turco Kilij Arslan foi enviada, sem sucesso, para barrá-los. Animado pela primeira vitória, o exército do Eremita continuou o ataque a Niceia, tomou uma fortalezada região e comemorou se embriagando, sem saber que estava caindo numa emboscada. O sultão mandou seus cavaleiros cercarem a fortaleza e cortarem os canais que levavam água aos invasores. Foi só esperar que a sede se encarregasse de aniquilá-los e derrotá-los, o que levou cerca de uma semana.Quanto ao restante dos cruzados maltrapilhos, foi ainda mais fácil exterminá-los.

 

Tão logo os francos tentaram uma ofensiva, marchando lentamente e levantando uma nuvem de poeira, foram recebidos por um ataque de flechas. A maioria morreu ali mesmo, já que não dispunha de nenhuma proteção. Os que sobreviveram fugiram em pânico.O sultão, que havia ouvido histórias temíveis sobre os francos, respirou aliviado. Mal imaginava ele que aquela era apenas a primeira invasão e que cavaleiros bem mais preparados ainda estavam por vir.

 

Primeira Cruzada (1096-1099) - Por volta de 1097, um exército de 30 mil homens, dentre eles muitos peregrinos, cruzou a Ásia Menor, partindo de Constantinopla. A cruzada dos cavaleiros, possuindo recursos, embora progredindo devagar, fizera um acordo com o imperador bizantino de lhe devolver os territórios conquistados aos turcos. Liderada por grandes senhores, levava quer proprietários, quer filhos segundos da nobreza. Esse acordo seria desrespeitado, à medida que o mal-entendido entre as duas partes cresceria.

 

Em 19 de junho de 1097, os cruzados cercaram e tomaram Niceia (atual İznik), devolvendo-a aos bizantinos, e logo tomaram o rumo de Antioquia. Em julho, foram atacados pelos turcos em Dorileia, mas conseguiram vencê-los e, após penosa marcha, chegaram aos arredores de Antioquia em 20 de outubro. A cidade de Antioquia somente cairia, após longo cerco, a 3 de junho de 1098, com a ajuda de um sentinela armênio que facilitou a entrada dos cruzados nas muralhas da cidade. Seguiu-se um saque terrível da população muçulmana da cidade, que ficou na posse de Boemundo de Taranto, o chefe dos normandos.Godofredo de Bulhão, após longo cerco, conquistou Jerusalém atacando uma guarnição fraca em 1099. 

 

A repressão foi violenta. Segundo o arcebispo Guilherme de Tiro, a cidade oferecia tal espetáculo, tal carnificina de inimigos, tal derramamento de sangue que os próprios vencedores ficaram impressionados de horror e descontentamento. Godofredo de Bulhão ficou só com o título de protector e, à sua morte, Balduíno, seu irmão, proclamou-se rei. Os cristãos humilharam-se após as duas conquistas massacrando muito dos residentes, indiferentemente da idade, fé ou sexo. Após a vitória, era preciso organizar a conquista. Surgiram quatro estados cruzados, conhecidos coletivamente como Outremer ("Ultramar"), do norte para o sul: o Condado de Edessa, o Principado de Antioquia, o Condado de Trípoli, e o Reino de Jerusalém.

 

Os governantes cruzados encontravam-se em grande desvantagem numérica em relação às populações muçulmanas que eles tentavam controlar. Assim, construíram castelos e contrataram tropas mercenárias para mantê-los sob controle. A cultura e a religião dos francos era muito estranha para cativar os residentes da região. Dos seguros castelos, os cruzados interceptavam cavaleiros árabes.

 

Por aproximadamente um século, os dois lados mantiveram um clássico conflito de guerrilha. Os cavaleiros francos eram muito fortes, mas lentos. Os árabes não aguentavam um ataque da cavalaria pesada, mas podiam cavalgar em círculo em volta dela, na esperança de incapacitar as unidades dos francos e fazer emboscadas no deserto. Os reinos cruzados localizavam-se, em sua maioria, no litoral, pelo qual eles podiam receber suprimentos e reforços, mas as constantes incursões e o infeliz populacho mostravam que eles não eram um sucesso econômico.

 

Entretanto, os turcos estavam a unificar-se para tentar fazer face a estas ameaça. Evitando combates directos até ao último momento contra a cavalaria pesada cristã, usaram tácticas de emboscadas. Em Mersivan, esmagaram um dos exércitos cristãos (o dos lombardos e francos) que fora abandonado pelos seus líderes e cavaleiros (que fugiram). Estes foram severamente criticados pela fuga, assim como Aleixo, imperador bizantino, por não ter dado apoio.

 

O condado de Edessa caiu em 1144, sob Zangi, governante de Alepo e Mosul. Caíram mais tarde Antioquia em 1268, Trípoli em 1289 e o último posto dos Cruzados, Acre, durou até 1291.

 

Segunda Cruzada (1147-1149) - Desta vez foram reis que responderam ao apelo: Luís VII da França e Conrado III doSacro Império, para nomear os mais importantes. Curiosamente, os contingentes flamengos e ingleses acabaram por conquistar Lisboa e voltar para as suas terras na sua maioria, uma vez que eram concedidas indulgências para quem combatia na Península Ibérica.O exército de Conrado acabou esmagado pelos turcos num momento de repouso. O que sobrou juntou-se aos franceses, com o apoio dos templários. Com algumas dificuldades de transporte, mais uma vez uma parte do exército teve de ser abandonada para trás (sobretudo os plebeus a pé), e estes tiveram de abrir caminho contra os turcos.

 

Luís VII e Conrado em Jerusalém, depois de algumas discussões, acabaram por ser convencidos a atacar Damasco, mas ao fim de poucos dias tiveram que se retirar perante a ameaça de uma parte dos nobres fazê-lo por conta própria. O resultado desta cruzada foi miserável (se excetuarmos a conquista de Lisboa), tendo sucesso apenas em azedar as relações entre os reinos cruzados, os bizantinos e os governantes muçulmanos amigáveis. Nenhuma nova cruzada foi lançada até a um novo acontecimento: a conquista de Jerusalém pelos muçulmanos em 1187. Os cristãos enfrentavam um adversário decidido, Saladino.

 

Terceira Cruzada (1189-1192) - pregada pelo Papa Gregório VIII após a tomada de Jerusalém pelo sultão Saladino em 1187, foi denominada Cruzada dos Reis. É assim denominada pela participação dos três principais soberanos europeus da época: Filipe Augusto (França), Frederico Barba-Ruiva (Sacro Império Romano-Germânico) e Ricardo Coração de Leão (Inglaterra).

 

Se Ricardo Coração de Leão conseguiu alguns actos notáveis (a conquista de Chipre, Acre, Jaffa e uma série de vitórias contra efectivos superiores) também não teve pejo em massacrar prisioneiros (incluindo mulheres e crianças). Com Saladino, teve um adversário à altura, combatendo e travando um subtil táctico.

 

Em 1192, acabou-se por chegar a um acordo: os cristãos mantinham o que tinham conquistado e obtinham o direito de peregrinação, desde que desarmados, a Jerusalém (que ficava em mãos muçulmanas). Se esse objectivo principal falhara, alguns resultados tinham sido obtidos: Saladino vira a sua carreira de vitórias iniciais entrar num certo impasse e o território de Outremer (o nome que era dado aos reinos cruzados no oriente) sobrevivera.

Quarta Cruzada (1202-1204) - Foi denominada também de Cruzada Comercial, por ter sido desviada de seu intuito original pelo duque Enrico Dandolo, de Veneza, que levou os cristãos a saquear Zara e Constantinopla, onde foi fundado o Reino Latino de Constantinopla, fazendo com que o abismo entre as igrejas Ocidental e Oriental se estabelecesse definitivamente.

 

O Papa Inocêncio III apelou a uma cruzada em 1198 para conquistar Jerusalém, mas os preparativos começariam dois anos depois. Vários grandes senhores trouxeram exércitos e estipularam um acordo com Veneza que transportaria essas tropas na sua frota em troca de uma quantia. O problema é que muitos dos senhores acabaram por não ir, e os que foram não tinham condições para pagar o valor estipulado (que era fixo).

 

Foi criado um novo acordo então: os cruzados conquistariam Zara, uma cidade veneziana na Dalmácia que se revoltara, em troca de um adiamento do pagamento. Entretanto chegaram notícias do Império Bizantino. O Imperador Isaac II fora derrubado pelo seu irmão Aleixo III e fora cegado. O filho de Isaac II, de nome Aleixo IV, conseguira fugir e apelara aos cruzados para o ajudarem: em troca de o colocarem no trono prometia-lhes dinheiro e os recursos do império para a conquista de Jerusalém. Ainda hoje os historiadores discutem se as coisas se passaram assim ou se foi uma justificação para o que se iria suceder.

 

Os cruzados aceitaram imediatamente uma vez que isso parecia resolver os seus problemas. Partiram em 1202. O Papa considerou que se atacassem território cristão (nomeadamente Zara) ficariam excomungados. A cidade foi conquistada e depois de deixarem passar o Inverno atacaram Constantinopla. A cidade resistiu, mas o imperador Aleixo III acabou por fugir com o tesouro da cidade.

 

Com novos impostos a ser lançados para pagar as promessas feitas aos cruzados, rapidamente a população ficou à beira da revolta. Aleixo V, um parente afastado fez um golpe matando Aleixo IV e colocando novamente na prisão Isaac II que fora libertado pelos cruzados e governara com o filho.

 

Os cruzados decidiram então conquistar em proveito próprio o império, nomear um imperador latino e dividir os territórios. Aleixo fugiu com algum tesouro e a cidade foi saqueada pelos latinos durante três dias. Estátuas, mosaicos, relíquias, riquezas acumuladas durante quase um milénio foram pilhadas ou destruídas durante os incêndios. A cidade sofreu um golpe tão terrível que nunca mais conseguiu se recompor, mesmo depois de voltar a ser grega em 1261. E assim terminou a Quarta Cruzada, pois ninguém pensou mais em dirigir-se para Jerusalém: a maioria regressou com o que roubara, alguns ficaram com feudos no oriente.

 

 

Cruzada Albigense (1209-1244) - Por iniciativa do papa Inocêncio III com o apoio da dinastia capetiana (reis da França na época) , com o fim de reduzir pela força o catarismo, um movimento religioso qualificado como heresia pela Igreja Católica e assentado desde o século XII nos territórios feudais do Languedoque; favoreceu a expansão para sul das posses da monarquia capetiana e os seus vassalos.

 

A guerra, que se desenvolveu em várias fases, começou com o confronto entre os exércitos de cruzados súditos do rei Filipe Augusto da França com as forças dos condes de Tolosa e vassalos, provocando a intervenção da Coroa de Aragão, que culminou na batalha de Muret. Numa segunda etapa, na qual inicialmente os tolosanos atingiram certos sucessos, a intervenção de Filipe Augusto decidiu a submissão do Condado, ratificada peloTratado de Paris.

 

Numa prolongada fase final, as operações militares e as atividades da recém criada Inquisição focaram-se na supressão dos focos de resistência cátara que, desprovidos dos seus apoios políticos, terminaram por ser reduzidos. A guerra teve episódios de grande violência, provocou a decadência do movimento religioso cátaro, o ocaso da até então florescente cultura languedociana e a formação de um novo espaço geopolítico na Europa ocidental.

 

 

Cruzada das Crianças (1212)

 

A Cruzada das Crianças, é um misto de fantasia e fatos. A lenda baseia-se em duas movimentações separadas com origem na França e na Alemanha, no ano de 1212. Esta cruzada teria ocorrido entre a Terceira e a Quarta Cruzada e seria um movimento extraoficial, baseado na crença que apenas as almas puras (no caso as crianças) poderiam libertar Jerusalém. A ideia teria surgido após a notícia de que Constantinopla, uma cidade cristã, tinha sido saqueada pelos cruzados, fazendo cristãos crerem que não se poderia confiar em adultos.

 

50 mil crianças teriam sido colocadas em navios, saindo do porto de Marselha (França) rumo a Jerusalém. O resultado foi um desastre, pois a maioria das crianças morreu no caminho, de fome ou de frio. As que sobreviveram foram vendidas como escravas pelos turcos no Norte da África. Alguns chegaram somente até a Itália, outros se dispersaram, e houve aqueles que foram seqüestrados e escravizados pelos muçulmanos.

 

 

Quinta Cruzada (1217-1221)

 

Também pregada por Inocêncio III, partiu em 1217 e foi liderada por André II, rei da Hungria, e por Leopoldo VI, duque da Áustria. Decidiu-se que para se conquistar Jerusalém era necessário conquistar o Egito primeiro, uma vez que este controlava esse território.

 

Desembarcados em São João D'Acre, decidiram atacar Damietta, cidade que servia de acesso ao Cairo, a capital. Depois de conquistar uma pequena fortaleza de acesso aguardaram reforços e meteram-se a caminho. Depois de alguns combates, e quando tudo parecia perdido, uma série de crises na liderança egípcia permitiram aos cruzados ocupar o campo inimigo.

 

O sultão acabou por oferecer o reino de Jerusalém e uma enorme quantia se os cristãos retirassem; o cardeal Pelágio, que se tornara num dos chefes da expedição, acabou por convencer os restantes a recusar.

 

Começaram a cercar Damietta e depois de algumas batalhas sofreram uma derrota. O sultão renovou a proposta, mas foi novamente recusada. Depois de um longo cerco, que durou de fevereiro a novembro, a cidade caiu. Os conflitos entre os cruzados agudizaram-se e perdeu-se tanto tempo que os egípcios recuperaram forças. Reforços até 1221chegaram aos cristãos. Lançaram-se numa ofensiva, mas os muçulmanos foram retirando-se e levaram os cruzados a uma armadilha; sem comida e cercados acabaram por ter de chegar a um acordo: retiravam-se do Egito e tinham suas vidas salvas.

 

 

 

Sexta Cruzada (1228-1229) - Foi liderada pelo imperador do Sacro Império Frederico II de Hohenstauffen, que tinha sido excomungado pelo Papa. Ele partiu com um exército que foi diminuindo com as deserções, e uma semi-hostilidade das forças cristãs locais devido à sua excomunhão.

 

Aproveitando-se das discórdias entre os muçulmanos, Frederico II conseguiu, por intermédio da diplomacia, um tratado com o sultão aiúbida al-Kamil que lhe concedia a posse de Jerusalém, Belém e Nazaré por dez anos. Mas a derrota dos cristãos em Gazafê-los perder os Santos Lugares em 1244.

 

 

Sétima Cruzada (1248-1254) - Foi liderada pelo rei da França Luís IX, posteriormente canonizado como São Luís. Ele desembarcou diretamente no Egito e, depois de alguns combates, conquistou Damietta. Novamente o sultão ofereceu Jerusalém e novamente foi recusado.

 

Em Mansurá, depois de quase terem vencido, os cruzados são derrotados pela imprudência do irmão do rei, Roberto de Artois. Depois de uma retirada desastrosa, o exército rendeu-se. Luís IX caiu prisioneiro e os cristãos tiveram de pagar um pesado resgate pela sua libertação. Somente a resistência da rainha francesa em Damietta permitiu que se conseguisse negociar com os egípcios. Luís ficou mais algum tempo e conseguiu salvar o território de Outremer (indiretamente, as invasões mongóis deram o seu contributo).

 

 

Oitava Cruzada (1270)

 

Os egípcios da dinastia mameluca

  • em 1265, tomaram Cesareia, Haifa e Arsuf;

  • em 1266, ocuparam a Galileia e parte da Armênia

  • em 1268, conquistaram Antioquia.

 

O Oriente Médio vivia uma época de anarquia entre as ordens religiosas que deveriam defendê-lo, bem como entre comerciantes genoveses e venezianos.

 

O rei francês Luís IX retomou então o espírito das cruzadas e lançou novo empreendimento armado, a Oitava Cruzada, em 1270, embora sem grande percussão na Europa. Os objetivos eram agora diferentes dos projetos anteriores: geograficamente, o teatro de operações não era o Levante mas antes Túnis, e o propósito, mais que militar, era a conversão do emir da mesma cidade norte-africana.

 

Luís IX partiu inicialmente para o Egito, que estava sendo devastado pelo sultão Baibars. Dirigiu-se depois para Túnis, na esperança de converter o emir da cidade e o sultão ao cristianismo. O sultão Maomé recebeu-o de armas nas mãos. A expedição de São Luís redundou como quase todas as outras expedições, numa tragédia.

 

Não chegaram sequer a ter oportunidade de combater: mal desembarcaram as forças francesas em Túnis, logo foram acometidas por uma peste que assolava a região, ceifando inúmeras vidas entre os cristãos, nomeadamente São Luís e um dos seus filhos. O outro filho do rei, Filipe, o Audaz, ainda em 1270, firmou um tratado de paz com o sultão e voltou à Europa. Chegou a Paris em maio de 1271 e foi coroado rei, em Reims, em agosto do mesmo ano.

 

 

Nona Cruzada (1271-1272) - A Nona Cruzada é, muitas vezes, considerada como parte da Oitava.

Em 1268, Baibars, sultão mameluco de Egito, havia reduzido o Reino Latino de Jerusalém, o mais importante Estado cristão estabelecido pelos cruzados, a uma pequena faixa de terra entre Sídon e Acre.

 

Alguns meses após a morte de Luís IX, na Oitava Cruzada, o príncipe Eduardo da Inglaterra, depois Eduardo I, comandou os seus seguidores até Acre. Em 1271 e inícios de1272, conseguiu combater Baibars, após firmar alianças com alguns governantes da região adversários dele.

 

Em 1272, estabeleceu contatos para firmar uma trégua, mas Baibars tentou assassiná-lo, enviando homens que fingiram buscar o batismo como cristãos. Eduardo, então, começou preparativos para atacar Jerusalém, quando chegaram notícias da morte de seu pai, Henrique III. Eduardo, como herdeiro ao trono, decidiu retornar à Inglaterra e assinou um tratado com Baibars, que possibilitou seu retorno e, assim, terminou a Nona Cruzada.

 

Causas do fracasso

Diversas razões contribuíram para o fracasso das Cruzadas, entre elas: os europeus eram minoria, em meio a uma população geralmente hostil; a opressão à população nativa fez com que o domínio fosse cada vez mais difícil; as diversas lutas entre os próprios cristãos contribuíram para enfraquecê-los enormemente. Todas, exceto a pacífica sexta Cruzada (1228-1229), foram prejudicadas pela cobiça e brutalidade; judeus e cristãos na Europa foram massacrados por turbas armadas em seu caminho para a Terra Santa. Opapado era incapaz de controlar as imensas forças à sua disposição.

 

O legado das cruzadas

As cruzadas influenciaram a cavalaria europeia e, durante séculos, sua literatura.

Se por um lado aprofundaram a hostilidade entre o cristianismo e o Islã, por outro estimularam os contatos econômicos e culturais para benefício permanente da civilização europeia. O comércio entre a Europa e a Ásia Menor aumentou consideravelmente e a Europa conheceu novos produtos, em especial, o açúcar e o algodão. Os contatos culturais que se estabeleceram entre a Europa e o Oriente tiveram um efeito estimulante no conhecimento ocidental e, até certo ponto, prepararam o caminho para oRenascimento.

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